USDT estaria mais barato no México devido a cartéis de drogas
Uma investigação recente indicou que muitas operações globais de comércio de drogas podem estar utilizando Tether (USDT) para pagamentos.
Uma investigação recente indicou que muitas operações globais de comércio de drogas podem estar utilizando Tether (USDT) para pagamentos. Além disso, a moeda teria um preço bem mais baixo em alguns países, permitindo que criminosos comprem dinheiro por um preço menor.
De acordo com a 404 Media , que citou dois documentos judiciais, os cartéis de drogas mexicanos e colombianos têm recorrido cada vez mais a criptomoedas. Isso inclui, por exemplo, o famoso cartel de Sinaloa. E o USDT, seria a principal opção para facilitar operações ilícitas.
USDT com desconto
Segundo uma fonte confidencial, o USDT está disponível no México com desconto devido às suas ligações com as receitas provenientes do tráfico de drogas.
A fonte explicou que grupos com sede no México geralmente vendem USDT a um preço menor do que seu valor de mercado. Isso ocorreria porque eles têm ciência de que sua associação com atividades criminosas acabaria “contaminando” o dinheiro.
Por isso, esses tokens USDT são posteriormente vendidos a preços mais altos em países como a Colômbia. Portanto, havia a possibilidade de lucro ao “lavar” USDT em diferentes países.
Na Colômbia, grupos e indivíduos negociam moedas usando diferentes métodos. Por exemplo, podem fazer swap de criptos, transações peer-to-peer (P2P) ou negociações de balcão (OTC).
Portanto, o preço com desconto do Tether no México é um reflexo das origens ilícitas dessa stablecoin. Isso acabou se tornando um fenômeno bem conhecido entre os traficantes de drogas da região.
Fonte: imagem de documento citado pela 404 Media
Os documentos obtidos pela 404 Media detalham como uma rede de lavagem de dinheiro supostamente ligada a grandes apreensões de drogas nos EUA tem movimentado grandes somas de dinheiro. Essas transações transfronteiriças potencialmente somaram dezenas de milhões de dólares.
Os criminosos conseguem isso por meio de uma combinação de negócios de fachada, entregas de dinheiro físico e muitas transferências de criptomoedas.
Documentos judiciais destacam como traficantes de drogas, buscando uma maneira mais eficiente de transferir dinheiro, adotaram criptomoedas para contornar os sistemas financeiros tradicionais.
Portanto, as transações internacionais desses grupos vêm se tornando mais rápidas e difíceis de rastrear, tornando o USDT uma forma popular de lavar dinheiro, segundo as autoridades federais dos EUA.
A stablecoin permite que grandes somas de dinheiro sejam movimentadas rapidamente entre países, sem depender de bancos ou instituições financeiras convencionais.
Uso de criptos pode ser muito maior
Um documento protocolado recentemente como parte de um processo de confisco busca apreender mais de US$ 5 milhões em Tether armazenados em contas supostamente ligadas ao tráfico de drogas.
Os documentos revelam que, entre maio de 2020 e setembro de 2023, uma conta da Binance envolvida nessas atividades processou mais de US$ 15,6 milhões em criptomoedas. Teriam sido mais de 450 depósitos e quase 570 retiradas.
Fonte: imagem de documento citado pela 404 Media
A informação sugere que a verdadeira escala do uso de criptomoedas para o tráfico de drogas pode ser muito maior do que se pôde identificar até o momento.
Em outra investigação que tem relação com o caso em questão, o FBI descobriu mais uma rede de lavagem de dinheiro que usava corretoras de criptomoedas. Nesse caso, ela seria responsável por movimentar fundos para o cartel de Sinaloa e outros cartéis de drogas mexicanos.
Aliás, as autoridades descobriram que essa organização lavou mais de US$ 52 milhões em lucros provenientes do comércio de drogas até 2021.
Segundo a edição de 2023 do relatório de fraudes com criptomoedas do FBI, os criminosos têm três motivos principais para usar criptomoedas: natureza descentralizada, irreversibilidade e dificuldade para rastrear o dinheiro.
O documento do FBI também cita outros tipos de crimes utilizando criptomoedas. Por exemplo, fala em golpes de investimento, invasão a carteiras de usuários, ransomware e outras formas de fraude.
USDT não foi comprado diretamente da Tether, diz porta-voz
A utilização de USDT nessas transações ilícitas não é uma surpresa para a Tether. Afinal, um porta-voz da Tether abordou a questão em uma declaração à 404 Media. Ele observou que transações que têm relação com atividades criminosas geralmente ocorrem no mercado secundário. Isso significa que a moeda não é obtida diretamente dos canais autorizados da Tether.
Além disso, a empresa afirma que implementou ferramentas de rastreamento para a blockchain. Também teria colaborado com mais de 195 agências de segurança pública em todo o mundo para identificar e impedir transações ilícitas.
A cooperação da Tether com as autoridades levou ao congelamento de mais de US$ 2 bilhões em USDT com vínculo com empresas criminosas, afirma a empresa.
A Tether busca se distanciar de possíveis associações com atividades ilegais. Por isso, trabalha para auxiliar nos esforços de acusação contra traficantes de drogas, um esforço que se tornou parte de sua imagem pública.
As empresas com base em blockchain geralmente trabalham para implementar medidas de rastreamento e combate à lavagem de dinheiro. No entanto, alguns especialistas argumentam que a natureza descentralizada e anônima do setor ainda representa um desafio significativo para as autoridades.
Afinal, mesmo que seja genuíno o interesse de cooperar, empresas como a Tether dificilmente tomarão decisões que prejudiquem seu modelo de negócio. No caso de uma blockchain como essa, a descentralização e a independência dos participantes são peça-chave no sucesso da tecnologia.
No entanto, é cada vez maior o uso de stablecoins para pagamentos de todo tipo, principalmente com lastro em moeda fiat estável. Isso acaba chamando a atenção das autoridades, preocupadas com perdas de arrecadação com impostos e com o uso dessas transações para turbinar crimes de todo tipo.
Uso de criptomoedas pelo crime é comum no Brasil
As criptomoedas vêm sendo cada vez mais pelas organizações criminosas no Brasil. Recentemente, um caso importante chamou a atenção para essa questão: o assassinato do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach a tiros , no Aeroporto Internacional de Guarulhos, no dia 8 de novembro.
O crime teria sido um desdobramento do envolvimento de Gritzbach com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Afinal, ele seria responsável por lavar dinheiro da organização por meio de operações com criptomoedas.
No entanto, o empresário acabou entrando em atrito com membros da facção, que desconfiavam de possíveis desvios por parte do parceiro. Gritzbach acabou fechando uma delação com a polícia — e circulava sob proteção. No entanto, isso não foi suficiente para impedir os criminosos de o executarem.
Em agosto deste ano, a Polícia Civil do Estado de São Paulo já havia desarticulado um esquema de lavagem de dinheiro para o PCC. Na ocasião, 13 pessoas acabaram atrás das grades. No entanto, chegaram a 20 os mandados expedidos pela justiça. Além disso, a Justiça ordenou o bloqueio de mais de R$ 8 bilhões.
Esse esquema de lavagem de dinheiro funcionava com o suporte de uma corretora de criptomoedas e um banco virtual. Também tinha como objetivo financiar as campanhas para vereador de diversos representantes do crime organizado para as eleições municipais.
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